Sobre a Camocim de ontem...

Fotografia retirada do perfil de Aradi Silva


Ser de Camocim me define. Querendo ou não Camocim tem uma essência diferente, que muitas cidades não têm. Camocim tem muitos encantos, tem histórias guardadas em cada canto, mas por ter morado a minha vida toda na periferia, eu tive que aprender a ter minha própria identidade. Vocês sabem né? Quem mora na periferia passa por alguns “revestés”, nem parece que somos gente, motivo pelo qual, é preciso criar a nossa identidade. 
Camocim tem algumas características que sempre me marcaram: os meninos pulando do trampolim (em dias de maré cheia), o vendedor de puxa-puxa, o vendedor de pipoca, o pescador que trazia (e ainda traz) o pescado, os vizinhos que ficavam na calçada contando histórias (quando não havia energia), as crianças a correr pela rua em suas brincadeiras, a possiblidade de poder dormir com as janelas abertas (hoje não já não podemos fazer isso, por conta dos assaltos). 
Camocim ainda me traz recordações, a nível político: das brigas incessantes dos caras pretas e fundo moles, das votações em cédulas, das demarcações de territórios, das corridas nas seções para tentar coibir as “trocas de cédulas”... Ah, essas recordações de criança, são tão estranhas, porque parece que aconteceram com outra pessoa; mas não, aconteceram comigo e com pessoas ao meu redor. Tudo isso marcou a minha vida... Quando fecho os olhos e me ponho a recordar, mais tenho certeza que: ser de Camocim, me define!


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